quarta-feira, 25 de março de 2009
Jardins
"Cada um cultiva o seu jardim de acordo com o que tem no coração". Não sei de quem é esta frase ou se ela tem autor, só sei que ela foi soprada no meu ouvido num dia muito triste, em que o jardim da minha melhor vizinha, falecida há um mês atrás,foi destruído em nome da praticidade. Moro há dez anos em um condomínio e neste período vi com admiração a minha vizinha Janira, plantar cada flor, cada planta, cada arbusto do jardim do condomínio. Ela foi perseverante e cada vez que as crianças pisoteavam ou até mesmo os adultos inescrupulosos destruíam uma de suas plantas, ela relutava em tornar aquele cantinho de chão mais agradável e bonito. Infelizmente, a morte a levou recentemente e o jardim ficou. Meio sujo e descuidado, mas ficou. As flores e plantas,árvores e arbustos se erguiam altivos, lindos e fortes. Mas a nova síndica, em nome da falta de tempo para cuidá-lo destruiu tudo. Arrancou todas as plantas e com o aval dos demais condôminos. Com o meu não. Fui voto vencido. Somos 16 apartamentos em um prédio e os demais concordaram com a devastação do jardim. No lugar das plantas hoje há pedras (brita) e algumas poucas plantas foram poupadas e emprestam alguma vida àquele lugar devastado. Eu chorei. Juro que chorei, pois foi como se tivessem enterrado novamente a minha querida amiga, que nem sequer pude ir ao seu enterro porque tinha que trabalhar. Eu chorei. De raiva,mas chorei. Se eu pudesse cuidaria do jardim e não deixaria que eles o derrubassem. Eu me sinto culpada pela omissão. Por não ter feito nada, quando vi eles arrancarem as plantas com raízes e tudo e jogarem-nas literalmente no lixo. Ela nem sequer teve coragem de fazê-lo ela mesma. Pagou alguém para fazer. Então, porque não pagar alguém para cuidar, para preservar.Acho que o preço seria bem menor.
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